3 de maio de 2010

Cada um no seu Quadrado

A Folha de São Paulo publicou ontem a matéria, “Bolha espalha imóveis de 2 metros quadrados na China”, a reportagem mostra uma explosão de micro imóveis - com exatamente dois metros quadrados - que são habitados por universitários e recém formados e 60% deste universo de jovens profissionais revelam intensa preocupação, em como alugar um imóvel devido seus altos custos.

Economistas apontam a hipótese de que o aumento exagerado nos valores de imóveis, possa desencadear uma crise no crescimento econômico do país.
Segundo o ranking da consultoria britânica Knight Frank, as cidades que mais tiveram incremento dos preços no ano passado são Xangai (52%), Pequim (42%) e Hong Kong (40,5%), de um total de 56 pesquisadas. São Paulo aparece em 11º (5,6%).


Opinião



Acredito que seja algo imensamente contraditório essa situação dos jovens universitários na China, um país em que sabemos, que é a segunda maior economia do mundo perdendo apenas para os Estados Unidos, com um PIB hoje estimado em 3,7 trilhões de dólares, sendo a nação com o maior crescimento econômico nos últimos 25 anos. Onde está o equívoco?

Na distribuição da renda , o crescimento acelerado recuperou a pobreza do país mas também criou um abismo na distribuição de renda, a renda per capita considerada como média e baixa comparando-se com as demais.

Levando jovens estudantes e profissionais a não terem condições de pagar por uma moradia digna, a passar por um verdadeiro massacre físico e emocional em seu quadrado... Mais especificamente dizendo um quadrado de 2 x2? A que ponto uma pessoa tem que chegar por conta da necessidade?

Que ser humano é capaz de viver dentro de um quadrado sem ter sua auto estima e seu aspecto emocional abalado?
E isso me faz lembrar a letra de uma música absurda, tanto quanto esta situação. E a letra, se é que dá para considerar como tal, diz :
Cada um no seu quadrado”... Pegue seu quadrado ,E quem pisar na linha ,Vai pagar prenda,hein? Vamos juntos!”Dança bonito Vai, vai! Dança bonito...

E o povo vai dançando mesmo conforme a música, vai dançando pela falta de uma distribuição de renda justa, de moradia digna...

E por aqui em solos brasileiros, temos apenas a letra da música, ainda não temos as bolhas ou os quadrados de moradia , mas em contrapartida já temos e há muito tempo, as construções em morros que não tem estrutura para tal e desabam com as chuvas, temos as favelas, os sem teto... Sinceramente eu não sei o que é pior – por isso que sempre digo: “Para o mundo que eu quero
descer”...



Crédito foto * Folha de SP - 02/05