31 de maio de 2009

Para Refletir...


Aniversários - Fazer ou desfazer anos?

Cassios Pinheiro



Rubens Alves na sua imensa sabedoria diz que não deveríamos comemorar aniversário. No primeiro momento relutei em aceitar. Talvez porque acredito que a experiência é melhor que a juventude.


Não falo do tal “espírito jovem” que nós mais velhos acreditamos que faz muito bem viver e aceitar. Mas, é que o tempo nos proporciona maturidade e os anos que passam revelam talvez o caminho da sabedoria. Remédio para a maioria dos males ou a fórmula para uma vida mais “tranqüila”.



O filósofo Alves usa nessa sua trama de idéias a palavra desfazer. “E é assim, usando de forma precisa as palavras, comunico aos meus leitores que ontem, dia 15 de setembro, eu desfiz 75 anos...”


Não é fácil aceitar... Mas, olhando bem fundo ou bem de perto a idéia de Alves acredito que desfiz em outubro 33 anos.



“Todo mundo sabe que, para se anunciar um aniversário, o certo é dizer fiz tantos anos. No meu caso, fiz 75 anos... Mas o verbo fazer sugere algo que aumenta, um crescimento do ser, o artista e o artesão fazem...”



Indo bem além nessa reflexão, acho que lutamos todos os dias por algo que já está ao nosso lado ou na verdade bem na nossa frente. Arranjamos tantas desculpas, tantas contradições que nem percebemos por certo o nosso “tempo presente”. Esse que nos sufoca com sua realidade, com aquilo “que não deu certo”... Essa tal felicidade que tanto perseguimos.



“Mas, que ser aumenta com a passagem do tempo, esse monstro que devora os seus filhos? O que aumenta é o vazio. Esses anos que o aniversariante distraído anuncia como anos que ele fez são, precisamente, os anos que ele desfez, o tempo que já passou, que deixou de ser, os anos que o tempo devorou.”



O tempo realmente é devorador... O tempo é o remédio e também nossa maior angústia como seres humanos. Pois nos indica que “não podemos mais desperdiçar nossas horas”... Precisamos viver o “tempo presente”.



“Por isso acho um equívoco filosófico perguntar a alguém: Quantos anos você tem?. O certo seria perguntar "quantos anos você não tem?. E ela responderia não tenho 42 anos, não tenho 28 anos. Porque esse número de anos indica precisamente os anos que ela não tem mais. Nos aniversários, então, a maneira correta de se dirigir ao aniversariante é perguntando-lhe "quantos anos você está desfazendo hoje?"


"Por isso eu prefiro um ritual diferente, ritual que é uma invocação. Eu acendo uma vela pedindo aos deuses que me dêem muitos anos a mais de vida, esses anos que se seguirão, que são o único tempo que realmente possuo... Assim fiz, acendi uma vela, meus amigos à minha volta. Que coisa boa é ter amigos, especialmente quando o crepúsculo e a noite se anunciam!”


Alves tem razão... Coisa boa é ter amigos. Não só Alves, mas também meu querido e velho poeta, Vinicius.



“E eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto minha vida depende de suas existências… A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.”


Coisa boa é ainda ter tempo para compartilhar as horas, os dias, os meses, os anos que ainda nos restam, com nossos amigos ou quem quer que seja... Pois realmente é só o que temos, é acima de tudo o mais importante. Por isso se você “fez ou desfez os anos de seu aniversário”, o que mais desejo é que ainda possa viver muito e que além de tudo não perca tempo... e seja muito feliz!


16 de maio de 2009

O Pastor Amoroso




Fernando Pessoa
Com o heterônimo de Alberto Caeiro



O amor é uma companhia.
Já não sei andar só pelos caminhos,
Porque já não posso andar só.


Um pensamento visível faz-me andar mais depressa
E ver menos, e ao mesmo tempo gostar bem de ir vendo tudo. Mesmo a ausência dela é uma coisa que está comigo. E eu gosto tanto dela que não sei como a desejar. Se a não vejo, imagino-a e sou forte como as árvores altas. Mas se a vejo tremo, não sei o que é feito do que sinto na ausência dela. Todo eu sou qualquer força que me abandona. Toda a realidade olha para mim como um girassol com a cara dela no meio.


Passei toda a noite, sem saber dormir, vendo sem espaço a figura dela E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela. Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala, E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança. Amar é pensar. E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela. Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela. Tenho uma grande distracção animada. Quando desejo encontrá-la, Quase que prefiro não a encontrar, Para não ter que a deixar depois.


E prefiro pensar dela, porque dela como é tenho qualquer medo. Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero. Quero só pensar ela. Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.

13 de maio de 2009

Aqui e Agora



Demora um tempo na vida para percebemos a preciosidade e unicidade dos momentos que a compõe. O utópico ideal da felicidade eterna e constante nos distancia do verdadeiro sabor da felicidade real : a dos pequenos momentos.


Estamos sempre lá na frente, no dia de amanhã, no compromisso da semana que vem, do mês que vem e o que será do próximo ano?

Mas lanço uma pergunta, tem alguém aqui? Tem alguém aqui e agora?


Talvez entre tantos, seja esse um dos maiores desafios da vida humana, estar presente aqui e agora. Apenas aqui e apenas agora, inteiramente, sentindo de fato as sensações proporcionadas por cada momento e principalmente dos momentos de prazer, amor, festa, alegria – sim isso é felicidade.


Um gesto amigo, ou vários... Aquela mão estendida quando você mais necessita e acha que ninguém vai notar... Aquele abraço inesperado, um beijo ou vários... Demonstrações de afeto, cuidado compreensão e carinho.


Gargalhadas, piadas, seu doce preferido na boca ou sua cerveja gelada naquele momento crucial... Pé na areia, banho de mar, raio de sol. Presença de mãe ou lembrança dela na sua vida... Seu sobrinho, seu filho, seu pai, pessoas encantadoras cheia de defeitos e qualidades, mas que preenchem sua vida e a tornam radiante e as vezes você nem percebe...


Hoje em dia me sinto rica, pois com certa maturidade consigo saborear cada um dos momentos e perceber sua preciosidade e unicidade. Perceber seu encanto especial e que aquilo será somente ali, daquela vez... por isso hoje estou presente, não mais ligada no piloto automático! E não recomendo que ninguém viva fora do momento atual, não recomendo isso nem para um inimigo, apesar de não tê-los. Caso tivesse nem a eles desejaria a ausência dos momentos, por que quando estamos ausente do momento presente, por vezes pequenos, porém preciosos a vida passa mais rápido e nem conseguimos enxergar na nossa história , onde de fato estávamos felizes... E assim pode se perder uma vida inteira esperando... por aquilo que ja teve em nem percebeu!


Mas quando estamos de fato acordados para o agora , estando presente aqui e agora, cada coisa tem um valioso e inesquecível sabor e ai nos sentimos ricos e privilegiados, com tanta beleza e graça a nossa disposição, com tanta alegria e com tantos pequenos detalhes que nos fazem sentir especiais e realmente felizes!

11 de maio de 2009

Frase da Semana



"Felicidade é como dieta. Todo mundo sabe o que tem de fazer para conseguir seu objetivo, mas a maioria não põe em em prática esse conhecimento"


Roberto Shinyashiki