31 de maio de 2010

Resiliência



"O sapo pula por precisão não pula por boniteza" Guimarães Rosa


Sabe aquela pessoa que você conhece que passou por uma imensa tragédia? Um choque, um susto , ou simplesmente inúmeras dificuldades na vida , uma atrás da outra? Mas ela vive bem e de bem com a vida, como se nada tivesse acontecido? Possui uma energia de força positiva, que chega não parecer que sofreu tanto? Ele (a) é resiliente...


Isso mesmo, Resiliência é um termo originado na física designado a certos tipos de matérias que possuem a capacidade de armazenar energia e de se regenerar, mesmo após um estado de choque , sem alterar seu estado original.


Na psicologia é a capacidade de assumir e ultrapassar um trauma, de lidar com os problemas de maneira construtiva, de superar crises e criar perspectivas positivas em face situações de estresse. Resiliente é aquele que ao invés de ceder a tensão da situação adversa ele opta pela vontade de vencer...


Não é de hoje que ouvimos dizer que as oportunidades surgem mediante as crises e que a força humana emerge em meio as tempestuosidades da vida, isto é fato e concreto. Conheço pessoas que subiram na vida e que são dotadas hoje, de um elevado grau de maturidade e discernimento, após terem passado por experiências traumáticas ou inúmeras dificuldades dos mais variados gêneros e em fases distintas, seja na infância, adolescência ou na vida adulta e emergiram a um destino de sucesso. Aqui não falo apenas de sucesso material, mas principalmente emocional.


“Não vieste à terra para perguntar Se Deus, vida ou morte existem ou não.
Pega a ferramenta para trabalhar Pondo na tarefa cada pulsação.
Ferramenta tens, não procures em vão –Saúde, fé em ti, arte eficiente,Capacidade, poder de expressão,Coração sensível e força da mente.”
Fernando Pessoa


Conheço outras que sempre viveram com facilidades, imersas em constantes boas oportunidades, numa vida poupada de adversidades e essas são fracas desmoronam violentamente a qualquer sinal de crise ou pior, elas próprias criam problemas pelo fato de não tê-los.


É claro que não é uma regra, afinal nada na vida é, porém pela experiência e constatação dos fatos o resiliente, quando se vê acuado diante do sofrimento ou das dificuldades, se torna criativo, forte decidido a construir-se e re-construir-se apesar das feridas.

A pessoa resiliente consegue superar as adversidades de forma saudável e construtiva, o indivíduo resiliente não apresenta problemas comportamentais e emocionais frente aos agentes estressores, ele vai em frente e não se entrega ao sofrimento.

É dito pela própria psicologia que essa característica pode ser inata, mas também pode se alterar, de acordo com o ambiente em que se vive, porém é fato que aqueles menos privilegiados pelo ambiente e não nascidos com ela, podem adquiri-la com a prática e a persistência, afinal entre se entregar e vencer as adversidades da vida é mais válida a segunda opção, então neste caso bem vinda seja a resiliência...

12 de maio de 2010

Frase da Semana II

"Procure ser um homem de valor, em vez de ser um homem de sucesso."

Frase da Semana



"Até que o sol não brilhe, acendamos uma vela na escuridão."

Confúcio, filósofo chinês (551 a.C. - 479 a.C.)

Acusada por torturar criança teve pedido de liberdade negado

O caso da procuradora aposentada Vera Sant’ Anna Gomes- 66 anos , indiciada por crime de tortura e racismo gerado por atos de violência física e verbal contra uma criança de dois anos e dez meses, que estava sob sua guarda provisória, desde o dia 14 de março, revela a má aplicação das leis de adoção no Brasil e também denota explicitamente o preconceito. Preconceito este não somente o que teve a acusada para com a criança, mas também o preconceito da sociedade contra quem é pobre e humilde.


Faço minhas as palavras de Alexandre Garcia que esta semana disse em rede Nacional que se por acaso uma pessoa simples, humilde tenta adotar um filho ela rigidamente passas por todo o processo burocrático... e é até barrada por questões superficiais, no entanto alguém com nível superior, com boa aparência, tem dinheiro, trabalhou em nome da lei – não levanta suspeitas.


Vera Sant’ Anna Gomes, uma pessoa completamente despreparada e desequilibrada emocionalmente conseguiu, por meio dos termos legais, adotar uma criança. No Brasil regem-se leis rígidas no processo de adoção. E está em vigor desde 03 agosto de 2009 , a nova Lei de Adoção, que reforça conceitos já existentes e obriga a outros como a “Preparação dos Adotantes”. Na prática a pessoa precisa de uma análise prévia e obrigatória onde o pretendente , que quer adotar passa por um período de preparação psicossocial e jurídica.


Então questiono o sistema, com a seguinte dúvida - será que essa procuradora, pessoa bem apanhada, diplomada , que transmite aquela coisa de “boa aparência”, requisito tão valorizado em nossa sociedade, que se atém as dadas aparências, será que as leis foram mesmo rígidas com Vera Sant’ Anna Gomes ?


Quer dizer que ninguém pôde notar que esta mulher não estava apta para adotar uma criança? Ninguém questionou ou mesmo investigou a índole e o histórico dela, em que já havia sido acusada de cometer um crime de denunciação caluniosa, em 2008. Na ocasião Vera teria acusado uma mulher de tráfico de órgãos e pedofilia, após uma tentativa frustrada de adotar sua criança. A mãe da criança reconheceu a procuradora na televisão. A procuradora teria agido quando a mãe, que pretendia dar o bebê para a adoção, mudou de ideia.


Há pessoas com reputação ilibada que aguardam anos e anos numa fila de adoção e as vezes não conseguem, no entanto este caso ilustra, que talvez os parâmetros estejam um tanto equivocados.


O que alivia a sensação de frustração, (mas não ressarci os danos morais e emocionais causados a criança) é saber que foi negada ontem a liminar que pedia a revogação da prisão de Vera, já considerada foragida. A desembargadora Giselda Leitão Teixeira, declarou na mídia que Vera "teve total despreso pela Lei".

Bem se vê...

7 de maio de 2010

Que dia é o Dia das mães?





Fico me perguntando, mãe tem dia?

Acredito que o sentimento de gratidão para com aquela que nos trouxe ao mundo deve ser uma constante em nosso dia a dia, uma demonstração diária de amor, carinho respeito em todos os dias do ano e por toda vida, ele não deve ser manifestado apenas em uma data comercial intitulada “dia das mães”. Este é o pseudo dia das mães, dia em que se dá um presente ou se faz presente, pelo fato da data. É valido? Sim, toda demonstração de carinho é válida, mas neste caso aquela que nos trouxe ao mundo merece muito mais que um dia de atenção!


Só viemos ao mundo pelo ato da grande luz que é a fascinante luz da maternidade. O louvável dom da mulher de poder trazer uma vida ao mundo! Ainda que fosse somente por este motivo, já devemos uma gratidão eterna para com nossas mães. O amor materno, porém, não para por ai, ele se estende até criação do pequeno filhote, totalmente dependente e frágil. E lá está a mãe. Mãe que amamenta, acompanha, cria, se preocupa,educa ,sente, sofre, chora e ri, pelos atos daquela criatura até o resto de sua vida, por todos os dias dela, num amor desprendido! Sabendo que está criando o seu filhote dependente para sua independência, para que um dia ele possa voar...


Por isso eu acredito que dia das mães é todo dia, não se restringe a uma mera data comercial uma data a data imposta para vender mais eletrodomésticos, uma mera incitação ao consumo exacerbado dos mais variados itens, assim como nos é imposto em datas como “dia dos pais”, “dia das crianças”, esse eu creio que seja chocante a forma como a mídia manipula a mente dos pequenos estimulando-os a desejarem os mais variados lançamentos de brinquedos e assim valores como o afeto e o respeito vem sendo cada vez mais desvalorizados em nossa cultura consumista, que valoriza o efêmero. O consumo se torna algo super valorizado desde a infância, cuidado senhores pais fiquem atentos aos excessos. Tudo começa nos exemplos e na forma que se conduz seu pequeno filhote.


Tem também o comercial dia dos namorados, mas alguém se lembra do dia Mundial contra o trabalho infantil? Contradizendo o senso comum que é focado apenas em datas vendáveis, o dia 12 de junho é também a mesma data do dia Mundial contra o Trabalho infantil.
Estima-se que cerca de 245,5 milhões de crianças trabalhem no mundo todo, sendo privadas do direito a educação, saúde e a sua liberdade de brincar e simplesmente ser criança. Sendo assim dá pra considerar que este enfoque é muito mais importante, que a comercial data do “dia dos namorados” ? Creio que sim, não aqui desmerecendo os casais apaixonados...


E quanto ao significado das datas religiosas?
Datas como Natal e Páscoa, em que o significado original é espiritual e religioso? Ninguém ouve falar mais nesta essência, pelo menos não na mídia. Por isso, aqui também, mais uma vez cabe aos pais ficarem atentos e sinalizarem aos seus filhos: Nem tudo na vida é mero comércio e consumo.
O Natal e a Páscoa vão muito além do que ao que se resumem hoje para a maioria das pessoas, mera compra de ovos de chocolate e presentes... Lamentável!

Vale lembrar, que não é uma questão de aversão as datas comerciais, mas sim ao esquecimento dos valores, das emoções e fatores históricos que cada data carrega consigo, bem como a falta de uma divulgação pertinente para datas que nem sequer ganham espaço na mídia e são de extrema importância, como por exemplo, o Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil.


Penso que para tudo nesta vida deve haver, “dois pesos e duas medidas”, para que haja um equilíbrio no todo da nossa sociedade. Assim, além de divulgar somente o lado comercial de diversas datas que comemoram-se em nosso meio - o ideal porém utópico - seria que a mídia também divulgasse o outro lado da moeda, na minha opinião bem mais importante.

3 de maio de 2010

Cada um no seu Quadrado

A Folha de São Paulo publicou ontem a matéria, “Bolha espalha imóveis de 2 metros quadrados na China”, a reportagem mostra uma explosão de micro imóveis - com exatamente dois metros quadrados - que são habitados por universitários e recém formados e 60% deste universo de jovens profissionais revelam intensa preocupação, em como alugar um imóvel devido seus altos custos.

Economistas apontam a hipótese de que o aumento exagerado nos valores de imóveis, possa desencadear uma crise no crescimento econômico do país.
Segundo o ranking da consultoria britânica Knight Frank, as cidades que mais tiveram incremento dos preços no ano passado são Xangai (52%), Pequim (42%) e Hong Kong (40,5%), de um total de 56 pesquisadas. São Paulo aparece em 11º (5,6%).


Opinião



Acredito que seja algo imensamente contraditório essa situação dos jovens universitários na China, um país em que sabemos, que é a segunda maior economia do mundo perdendo apenas para os Estados Unidos, com um PIB hoje estimado em 3,7 trilhões de dólares, sendo a nação com o maior crescimento econômico nos últimos 25 anos. Onde está o equívoco?

Na distribuição da renda , o crescimento acelerado recuperou a pobreza do país mas também criou um abismo na distribuição de renda, a renda per capita considerada como média e baixa comparando-se com as demais.

Levando jovens estudantes e profissionais a não terem condições de pagar por uma moradia digna, a passar por um verdadeiro massacre físico e emocional em seu quadrado... Mais especificamente dizendo um quadrado de 2 x2? A que ponto uma pessoa tem que chegar por conta da necessidade?

Que ser humano é capaz de viver dentro de um quadrado sem ter sua auto estima e seu aspecto emocional abalado?
E isso me faz lembrar a letra de uma música absurda, tanto quanto esta situação. E a letra, se é que dá para considerar como tal, diz :
Cada um no seu quadrado”... Pegue seu quadrado ,E quem pisar na linha ,Vai pagar prenda,hein? Vamos juntos!”Dança bonito Vai, vai! Dança bonito...

E o povo vai dançando mesmo conforme a música, vai dançando pela falta de uma distribuição de renda justa, de moradia digna...

E por aqui em solos brasileiros, temos apenas a letra da música, ainda não temos as bolhas ou os quadrados de moradia , mas em contrapartida já temos e há muito tempo, as construções em morros que não tem estrutura para tal e desabam com as chuvas, temos as favelas, os sem teto... Sinceramente eu não sei o que é pior – por isso que sempre digo: “Para o mundo que eu quero
descer”...



Crédito foto * Folha de SP - 02/05