17 de março de 2009

Afinidades


Para alguém especial...
Há palavras que falam por mim

Afinidade é um dos poucos sentimentos que
resistem ao tempo e ao depois.

A afinidade não é o mais brilhante,
mas o mais sutil, delicado e penetrante dos sentimentos.
É o mais independente também. Não importa o tempo, a ausência,
os adiamentos, as distâncias, as impossibilidades.

Quando há afinidade, qualquer reencontro retoma a relação, o diálogo. Ter afinidade é muito raro. Mas, quando existe, não precisa de códigos verbais para se manifestar. Existia antes do conhecimento, irradia durante e permanece depois que as pessoas deixaram de estar juntas.

Afinidade é ficar longe pensando
parecido a respeito dos mesmos fatos que impressionam, comovem ou mobilizam.
É ficar conversando sem trocar palavras. É receber o que vem do outro com aceitação anterior ao entendimento.

Afinidade é sentir com, Não é sentir contra, Nem sentir por, Nem sentir pelo. É olhar e perceber.
É mais calar do que falar, ou,
quando é falar, jamais explicar , apenas afirmar.

Afinidade é ter perdas semelhantes
e iguais esperanças.

É conversar no silêncio,
tanto nas possibilidades exercidas quanto das impossibilidades vividas.

Afinidade é retomar a relação no ponto
em que parou sem lamentar o tempo de separação.

Porque tempo e separação nunca existiram. Foram apenas oportunidades
dadas (ou tiradas) pela vida.



(Texto de Arthur da Távola)