7 de setembro de 2009

Desapegar

“Várias correntes de filosofia de vida oriental pregam o desapego emocional como fonte de equilíbrio pessoal”


"Tudo passa pelos nossos pensamentos. (…) Um homem é tão infeliz quanto o seu convencimento de que o é".
Séneca, 4 a.C.-65 d. C., filósofo romano, Epístolas a Lucílio


Falo aqui do desapego emocional diante dos fatos e até mesmo diante do mais grave caos material. É claro que é fácil falar e tem aquela coisa “só eu sei onde aperta o meu calo”... mas...

Mas o fato é que tem fases da vida que ficamos neuróticos de tanto pensar: pensamos nos problemas, pensamos nas soluções, voltamos para os problemas e não encontramos as soluções. Nos sentimos confusos e acuados com a sensação de que a vida está desorganizada. Parece que o tempo não passa, ou que ele passa, e que nada acontece.

E de repente como num passe de mágica alguma coisa bem-boa nos acontece e nem sequer acreditamos, já tínhamos até esquecido o assunto deixado pra lá. E ai cai na nossa mão uma graciosa surpresa, a coisa boa que você queria tanto, ou algo parecido, ou talvez melhor ainda acontece na sua vida e ai você se pergunta: Nossa! Será que é porque, eu já nem queria mais como antes?

Sim! A resposta é SIM! O fato é que o desapego gera uma energia positiva para concretizar aquilo que desejamos. Quando estamos abitolados numa situação, não enxergamos a diversidade das possibilidades – não nos atentamos para o brilho e a graça do percurso e ficamos totalmente apegados ao resultado. Quando voltamos toda nossa atenção para o resultado de modo excessivo, agregando preocupação, temor ou dúvida, ele nunca vem.

Estamos concentrados no não, e no negativo, estamos duvidando da concretização do nosso ideal.

E quando de repente nos ocupamos em nos preocupar com todas as outras coisas que estão ao nosso redor e esquecemos um pouco dos resultados, quando nos concentramos apenas no percurso, sem traumas, sem cobranças excessivas, sem pressa, sem medo, sem dúvida: ali surge ele – o resultado almejado.

Pode ser um emprego novo, perder peso, conseguir um namorado (a), passar num concurso, perdoar alguém, esquecer alguém, apagar uma dor, deixar o cabelo crescer, etc... Pode ser qualquer coisa nessa vida, mas quando fazemos nossa parte bem feita e não nos apegamos ao resultado final, o nosso ideal flui! Flui como o vento, flui como as águas de um rio, flui naturalmente.

Tudo vai clareando, os caminhos vão se abrindo, os bons colaboradores vão surgindo, as oportunidades se multiplicam, as respostas aparecem em fatos e situações, pessoas novas surgem, idéias, resultados um novo mundo se descortina quando o foco é tudo aquilo que já estamos fazendo de bom. Quando o foco é saborear cada instante do percurso dessa vida que é tão curta...viver a cada dia o que ela lhe trás é um bom caminho para exercitar o desapego.


“Os nossos infortúnios são curados pela grato reconhecimento do que de bom nos acontece e pelo reconhecimento de que é impossível desfazer o que está feito”.
Epicuro, 341-270 a.C., filósofo grego, The Extant Remains