Um dos
sorrisos mais famosos e largos do Brasil nos deixa a amiga, querida, alegre,
talentosa, corajosa, guerreira, espirituosa, amorosa, cidadã, sarcástica,
verdadeira. A estrela: cantora, atriz e apresentadora Hebe Camargo deixa de
brilhar por aqui e passa a brilhar no céu.
Um dos
maiores ícones da história da televisão brasileira, que se mistura com a
própria história nacional da TV. Referência de talento há seis décadas, 60 anos
de carreira 83 anos de idade.
Uma daquelas
pessoas queridas que pensamos em nosso íntimo ser nosso patrimônio histórico e que achamos que
viverá para sempre.
Desbocada, alto astral, irreverente, cômica deve estar fazendo festa lá no céu e reencontrando pessoas queridas.
Não tem como
eu pensar em Hebe Camargo sem associar a uma pessoa muito querida da minha vida
que também já partiu desse mundo: Minha avó Laurinete. Durante minha infância
acompanhei a admiração da minha querida e amada vó Lauri! Era assim que eu a chamava pela estrela Hebe.
Quando eu era criança eu não entendia bem a admiração da minha vó por ela, mas respeitava o seu gosto e depois de tanto assistir passei a gostar, achava
muito gostoso aquele programa com uma apresentadora alegre, espalhafatosa, super arrumada com brilhos,
espontânea que dava beijinhos nos seu entrevistados,
que reunia um monte de gente bonita em seu programa e falava sem parar.
Certa mesmo
estava a vó Lauri, sobre sua admiração para com a Hebe, e ao longo dos anos fui
percebendo isso percebendo que esta mulher tão admirada pela minha avó era mesmo o máximo.
E nas
tristes coincidências da vida perdi minha amada e querida avó quando eu tinha
15 anos , há 21 ano atrás com diagnóstico de câncer no estômago, apesar de não
ter falecido exatamente pelo câncer sabemos que a parada cardíaca de Hebe foi
decorrência das debilidades causadas pela doença nos últimos 3 anos.
Depois que
minha vó partiu deixe de assistir a Hebe,
mesmo com toda a alegria inata da apresentadora o programa me despertava a saudade da vó querida, saudade
do cheiro de café, do arroz doce, da carne de panela, do jeito exagerado e
espalhafatoso da vó Lauri, hoje percebo claramente que ela tinha muito em
comum com a Hebe, talvez por isso, a admirasse tanto, por perceber qualidades em
comum com a estrela, por se espelhar na guerreira de sua geração para a batalha da vida.
21 anos
depois a vó Lauri ainda está aqui no meu coração de uma maneira tão viva, que
até assusta as vezes, tem dias que penso no que ela diria quando algumas coisas acontecem na
minha vida, as vezes sinto o cheiro do seu café, ouço sua risada, escuto ela
pedindo silêncio ou pedindo pra mudar de
canal que ia começar seu programa preferido.
O tempo passou e ainda assim as vezes fecho os olhos e fico tentando
imaginar de novo o sabor do arroz doce da minha vó , o cheiro do seu perfume ou a força
do seu abraço. Hoje com a partida da Hebe penso até no que ela diria sobre isso:
sua atriz preferida deixando essa Terra.
Acho que se
as pessoas ficam descansando no céu e encontram e reencontram umas com as outras , dá
até pra imaginar a certa alegria que a chegada
da Hebe causaria na vó Lauri: a Hebe querida
agora está mais perto de novo, também está no céu. Elas sorriem.
E aqui na Terra, nós
choramos nossas perdas e lamentamos nossas saudades, mas como disse Antonio Fagundes, hoje no
Faustão:
“ Não
podemos deixar que nosso egoísmo queira deixá-la por mais tempo por aqui, pois ela
estava sofrendo. E o que podemos dizer? Obrigada pelo tempo que esteve com
agente.”
É claro que
eu queria minha avó Lauri aqui até hoje e a Hebe também, para sempre, mas ela estava sofrendo, então Deus a
chamou pra descansar e agora anos depois, a Hebe também. Que seus sorrisos estejam iluminando o
céu, pois suas presenças estarão sempre em nosso coração. O tempo não apaga o amor, nem as boas lembranças.