31 de julho de 2011

Cúmplices da morte de Amy Whinehouse

A hipocrisia da mídia

Não é novidade para ninguém o quanto a mídia escraxou Amy Whinehouse em vida. Propagação e enaltecimento de seus escândalos e de suas tentativas fracassadas de se recompor. Revistas e jornais sensacionalistas aplaudindo constantemente cada escorregão. A supervalorização dos erros e falhas da cantora em sua vida pessoal (diretamente ligada a sua imagem de artista) e  o esquecimento de seu nobre talento.

A mídia é assim, as gravadoras são assim. Todo mundo sabe que o último álbum de Amy, gravado no Caribe em 2009, foi recusado por sua gravadora por não conter a mesma "receita de sucesso" do álbum anterior. A mudança de nuance e de perfil musical,  fez com que Amy ouvisse em alto e bom tom , um sonoro Não para sua criação. Quanta ironia não é mesmo ?  Para não dizer com claras letras: quanta hipocrisia , já que agora após sua morte a primeira coisa que a gravadora  deseja  fazer é lançar no mercado, o então álbum rejeitado anteriormente por falta de “qualidade”.
Agora o imediatismo em querer lançar as canções inéditas da cantora  brota subitamente da gravadora. Seria pelo carinho que eles tem por sua ex- estrela?

Ou talvez pelo fascínio que o sucesso póstumo desperta nos fans e até nos não fans?  Visto que em uma semana após a morte de Amy , suas músicas dispararam  em diversos países do mundo e somente nos Estados Unidos, de acordo com  o Nielsen SoundScan, que monitora a venda de discos no país, foram vendidas cerca de 50 mil discos nesta última semana  e sua música mais conhecida a 'Rehab', rendeu 34 mil downloads em formato digital - no total, em uma semana foram vendidas 111 mil músicas de Amy Winehouse, um aumento de dois mil por cento sobre a semana em que ainda estava viva.

Esse fenômeno não é novidade, todo cantor famoso que morre  tem na sequência uma explosão absurda de vendas e isso não me espanta. O que de fato me espanta de verdade, é a capacidade de todos se tornarem santos , após um incidente lamentável como a morte de Amy.

A gravadora é boazinha... Blake o ex marido drogadao que a incentivou por seu comportamenteo ao mundo das drogas também é bonzinho...

Em entrevistas dadas a mídia Blake, o ex-marido de Amy Winehouse, estaria   com o “coração apertado” com a morte da cantora.

Os pais da cantora também são inocentes e ainda afirmaram para o  tablóide inglês "The Sun", que a cantora faleceu de abstinência do álcool. Nas declarações do pai da cantora,  Mitch Winehouse,  Amy estaria  há três semanas sem consumir bebida alcóolica contrariando as recomendações médicas, pois ao contrário do tratamento de drogas como cocaína e heroína, o álcool não pode ser cortado de uma só vez.

E eu me pergunto, um pai e uma mãe sabendo que sua filha está passando por um processo tão delicado quanto uma   crise de abstinência, deveriam deixá-la sozinha?  Em uma casa sem absolutamente ninguém? No mínimo estranho ,   por bem menos conheço pais que se instalam na casa dos filhos,  ou os monitoram  a distância rigorosamente , para certificar-se de que suas crias estão absolutamente bem e completamente fora de perigo.

Algumas palavara para mim definem a morte de Amy.
Entre elas a que mais me vem a mente é a palavra negligência. Amy estava doente e ninguém se ocupou 100% disto. É fácil dizer que existe o livre arbítrio e eu concordo mesmo com a existência dele, mas quando o caso é doença é preciso mais do que achar que a pessoa  não quer se curar. Amy estava doente, gritando por socorro ao seu modo, porém todos estavam ocupados  cada um com sua própria vida e focado em seu ponto de vista limitado. A mídia estava ocupada em falar mal dela e em propagar seus desastres. E cada um com sua parcela de falhas.

Lamento a morte de Amy, lamento a perda da estrela e do  seu brilho. Lamento uma vida tão jovem ter um final tão triste e uma vida  ter  tido uma história interrompida que poderia ter  um final feliz.

Amy está morta e não há culpados, pois de certa forma a cada passo errado ,  Amy fez uma escolha.

Mas não podemos negar há cúmplices e isto é definitivamente lamentável...