11 de dezembro de 2010

Cuidar de si mesmo






“Quando se é jovem, não se pode evitar de filosofar e, quando se é velho, não se deve cansar de filosofar. Nunca é muito cedo ou muito tarde para cuidar de sua alma. Aquele que diz que não é ainda, ou que não é mais tempo de filosofar, parece àquele que diz que não é ainda, ou não é mais tempo de atingir a felicidade. Deve-se, então, filosofar quando se é jovem e quando se é velho, no segundo caso (...) para rejuvenescer ao contato do bem, pelas lembranças dos dias passados, e no primeiro caso (...) afim de ser, ainda que jovem, tão firme quanto um velho diante do futuro...”
Michel Foucault - filósofo



As pessoas passam grande parte da vida tentando cuidar uns dos outros... Querem melhorar a vida de todos aqueles que amam; pais, namorado (a), marido, esposa, filhos, amigos... É tanta gente! Será que é possível dar conta de tudo isso? Com um esforço imensurável passamos a vida tentando tornar a vida daqueles que amamos melhor, mas espera ai! Quando é que paramos para cuidar de si mesmo?




Boa pergunta e difícil de responder, pois passamos a maior parte de nosso tempo preocupados com os outros, em corresponder aos anseios alheios, em não falhar... em ser a melhor mãe, o melhor pai, o melhor amigo, o melhor marido, a melhor esposa, o melhor namorado, etc...




É tanta coisa ocupando a cabeça o tempo todo que até atordoa... são tantos papéis a serem desempenhados que vamos assim, meio atordoados, acreditando que estamos mesmo fazendo melhor, até que de repente, soa um alarme interno em dado momento da vida, em que percebemos que não basta ser o melhor para os outros, é preciso e principalmente ser o melhor para si mesmo.




Olhar para dentro de si e enxergar a sua real versão, o seu verdadeiro desejo para essa vida – aquele o qual ela não teria sentido se você a encerrasse hoje - sem o ter realizado é uma tarefa difícil porém indispensável a própria felicidade.




É difícil olhar para si mesmo, dói muito, exige esforço, cuidado , carinho , compreensão, perdão... principalmente perdão, diante das próprias falhas e daquilo que erramos ao longo da nossa própria história e muitas vezes atribuímos aos outros, a vida, a falta de sorte... mas, que na realidade se deve as nossas próprias falhas consigo mesmo. A nossa falta de olhar para si mesmo com cuidado e atenção.




Esse olhar duro para dentro de si e esse cuidado necessário é tão preciso, quanto os primeiros cuidados maternos ao nascermos. Ao nascermos é vital que a mãe se doe ao filho para sua sobrevivência e em dado momento da vida adulta é vital que o ser humano doe-se a si próprio afim de curar suas próprias feridas e definir seus mais verdadeiros e primordiais anseios – aqueles bem ocultos vindos da alma, que muitas, vezes pela correria do dia a dia e com a total doação somente ao próximo, não tomamos contato... e a vida vai passando e um sábio amigo bem querido me disse outro dia “Dani aproveita o tempo não volta”....




Ele prosseguiu: “Podemos recuperar tudo na vida, saúde, dinheiro, emprego, relacionamentos... mas o tempo ele não volta mesmo”. Digamos que uma verdade já bem conhecida por todos nós e então baseado nela temos que ser feliz agora.




Essa é a primeira opção que devemos ter em mente. Na fase dourada do vestibular temos aquele clássico da escolha: primeira, segunda e terceira opção. Mas na fase adulta e madura da vida não temos mais esse luxo, não temos mais tantas opções e nem tanto tempo a disposição dos nossos erros, então temos que escolher a primeira opção: “ser feliz”...




Ainda que o custo seja olhar par si mesmo e tentar ser melhor em primeiro lugar para você mesmo – acredite não é egoísmo e é esse o caminho... Uma vez li num livro chamado Caminhos do coração - uma frase que dizia: “Sempre que for fazer uma escolha, pergunte-se: este caminho tem um coração?” Questionar isso seria absurdo? Romântico? Ilusório, utópico? Em meio a uma vida onde temos que tomar tantas atitudes racionais? Talvez sim, porém, com seu grande fundo de verdade; ninguém consegue ser verdadeiramente feliz se não estiver seguindo o seu coração, se sua escolha não estiver condizente com aquele delicioso, único e saborosíssimo sabor de Paz interior que sentimos após escolher o caminho almejado.

Por isso vamos cuidar de nós mesmos, assim como, cuidamos de todos aqueles que amamos tanto e são tão indispensáveis a nossa vida, pois a felicidade de quem amamos, também está intimamente interligada a nossa...

De acordo com o filósofo Michel Foucault, em seus ensaios sobre cuidado de si, "o cuidado com nossa própria alma seria a condição indispesável para o cuidado do próximo."