6 de abril de 2009

Amor condicional

Eu te amo se...


Desde criança muitos de nós fomos criados sob a ótica do amor condicional. Da infância à vida adulta, não nos damos conta que as mensagens que recebemos

eram condicionais: Eu te amo se...


Você me obedece, tira boas notas, é educado, recebe bem as visitas, arruma seu guarda roupa, faz as lições de casa, ajuda nas tarefas domésticas, não me responde e tantas outras coisas, a lista é infindável e nem sempre a condição vem explícita, por isso ninguém te diz claramente isso, mas quem já não percebeu, que o amor oferecido por determinadas pessoas não é gratuito? Quem nunca percebeu que algumas pessoas dedicam seu amor de maneira condicionada? Exigindo determinadas regras de comportamento, ou atitudes em troca?


Quando pequenos, se o menino fica quieto, ganha um beijo. Se grita ganha um tapa. É o que alguns psicólogos chamam de programação e assim a criança vai deixando de ser ela mesma para seguir, os passos emocionais dos seus pais. Até certo ponto isto é natural e normal, afinal a imitação acontece porque não temos outro modelo, nem a mínima idéia de como fazer diferente. Assim também alguns pais educam dessa maneira, porque desse modo receberam e não tem a menor idéia de como fazer diferente. A repreensão na infância é algo saudável, pois é fato que criança nenhuma pode sair por ai fazendo tudo o que quer, mas ao longo da vida pais que amam condicionalmente criam os futuros- amigos, namorados (as), marido , mulher... que também amarão dessa forma.


De modo geral, a repetição dos padrões é muito significativa em nossa personalidade e quando isso se reflete na forma de amar, adotando um padrão de amor condicional, aderimos a uma forma de amor equivocada. Um amor que cobra retorno exige algo em troca, à altura daquilo que se doa. Serão pais, amigos namorados, cônjuges que na prática vivenciam- o amor cobrança- sufocando o outro. Aquele que se sente cobrado pelo amor que recebe se ressente e isso o afasta do outro.


É um campo minado onde mágoas se acumulam aos poucos, dos dois lados. O problema, porém, “é que a herança da infância nos deixa incapacitados para lidar com algumas situações. E essa incapacidade pode durar a vida toda, se você não dedicar a atenção necessária para desvendá-la e curá-la", afirma Lídia Straus, professora de psiquiatria infantil na Unicamp- Campinas.


Passada a infância, é somente na adolescência que despertamos e então a fase da repetição termina é quando nos damos conta que elas não fazer mais sentido e descobrimos outras fontes de referência para orientar nosso crescimento.


Na vida adulta a pessoa que não se conhece o suficiente e ama condicionalmente, doa e acreditando que nunca é reconhecido suficientemente por tudo o que faz, pelo o quanto se dedica, ou já se dedicou, num relacionamento. Já quem recebe essa forma de amor, se sente o tempo todo cobrado (ainda que aquele que cobra, pense que o faz de maneira sútil) quem é cobrado se sente desconfortável, como se vivesse o tempo todo sob uma rígida avaliação de seus atos. A sensação é de que se paga um preço muito alto pelo amor que recebe.


Romper os padrões de comportamento que não fazem mais sentido é um desafio da vida adulta, é somente no momento em que se assume esse compromisso, como pessoa consciente dos próprios atos, defeitos e qualidades - um pacote comum a todo ser humano – é tomando contato com esse todo e observamos o que precisa ser mudado e não pode mais ser repetido, que tomamos nossa vida nas próprias mãos. É onde deixamos de ser atores coadjuvantes e assumimos o papel principal da nossa própria história.


É a partir desse contato consigo mesmo que passamos a entender e vivenciar o amor na sua forma plena – a incondicional – ainda que muitos acreditem que amar incondicionalmente seja um ideal utópico, é possível começar a quebrar esse ciclo negativo do amor x troca (condicional) basta começar, aqui e agora.


O que fazer?

Aprender a aceitar o nosso lado que erra, pois em geral, desejamos assumir em nossa personalidade somente o que temos de bom e a verdadeira auto-estima e o verdadeiro amor próprio que irá refletir diretamente em todos aqueles que amamos, só vem só vem quando nos amamos com nossos erros e acertos. Assim ao amar incondicionalmente a si próprio, será uma consequência natural expandir essa forma de amar para todos que o cercam